abril 14, 2004

...ontem, hoje...não sei quando...

hoje, ou ontem, ou... um dia... revisitei o meu passado. ao som de mão morta. revivi o meu passado numa conversa... numa conversa... senti o meu passado, de novo.
é a pessoa que me proporcionou esse regresso ao meu mais primitivo eu, que eu hoje homenageio...

esta é pra ti Sérgio... obrigada pela viagem... :)

FLORESTA EM SONHO
[Heiner Müller - Adolfo Luxúria Canibal / António Rafael]

Esta noite atravessava uma floresta a sonhar
Ela estava cheia de horror. Seguindo a cartilha
Os olhos vazios, que nenhum olhar compreende
Os bichos erguiam-se entre árvore e árvore
Esculpidos em pedra pelo gelo. Da linha
De abetos, ao meu encontro, através da neve
Vinha estalando, é isto um sonho ou são os meus olhos que a vêem,
Uma criança de armadura, coiraça e viseira
A lança no braço. Cuja ponta faísca
No negro dos abetos, que bebe o sol
O último vestígio do dia uma seta de ouro
Atrás da floresta do sonho, que me faz sinal de morrer
E num piscar de olho, entre choque e dor,
O meu rosto olhou-me: a criança era eu.

(in mão morta site oficial)

para comentar... india75@iol.pt