outubro 22, 2005



a memória é como a esperança da minha mãe na noite em que me ergueu à lua e, sem saber, me escolheu um destino. lembro-me de quando nos conhecemos e esse dia está debaixo do teu olhar e desta noite. lembro-me da minha mão pousada sobre a tua e esse instante está debaixo da palavra solidão. lembro-me de tantas coisas impossíveis. agora, caminho por esta manhã deserta. as pedras do passeio existem debaixo dos meus passos. ninguém, nem sequer eu próprio, me pergunta para onde vou. nas ruas desertas, sou uma multidão de gente mutilada a caminhar. sou aquele que, esta noite, te viu partir, que olhou para ti quando os teus olhos se despediram e que não pôde fazer nada senão olhar para ti, o teu corpo, e vê-lo afastar-se, cada vez mais longe dos meus braços.

jose luís peixoto, in antídoto

outubro 05, 2005



momentos de hoje... após incêndio de 2.10.2005
serra da boa viagem, buarcos, figueira da foz
5.10.2005 17h18 e 17h09


a pedra, que se encontra num local em tempos privilegiado... (asseguro que já ali está há mais de 30 anos...) tem resistido à falta de civismo humano que, 12 anos após um enorme incêndio, que devastou grande parte da floresta, a deixou, de novo, neste estado lastimável...
estava cheia de acácias (espécie infestante... sim senhor). agora?!
cinzas...
apenas cinzas...