junho 30, 2004

Siddhartha...




«(...) Ela [Kamala] compreendia-o melhor do que até Govinda o havia compreendido, era sua igual.
Ele disse-lhe certa vez:
- Tu és como eu, és diferente da maioria das pessoas. Tu és Kamala e não outra, e no fundo de ti há uma serenidade e um refúgio a que tu recorres sempre e onde podes ser tu mesma, tal como eu posso. Poucas pessoas o têm e, no entanto, todos os podiam ter.
- Nem todas as pessoas são inteligentes - disse Kamala.
- Não - disse Siddhartha -, não se trata disso. Kamaswami é tão inteligente como eu, mas não possui esse refúgio dentro de si. Há outros que o possuem e que no intelecto são apenas como crianças. A maior parte das pessoas, Kamala, são como uma folha que cai, que flutua ao vento, que hesita e que cai no chão. Mas há outros, poucos, que são como estrelas, que seguem um rumo firme, nenhum vento os afecta, têm dentro de si as suas leis e o seu rumo. (...)»

Siddhartha, Hermann Hesse