março 24, 2005

palavras de o'neill

Impossível cantar-te
Como cantei o amor adolescente
Colorindo de ingenuidade
Paisagens e figuras reduzindo-o
À mesma atmosfera rarefeita
Do sonho sem percurso no real
Impossível tomar o íngreme caminho
Da aventura mental
Ou imaginar-te pelo fio estéril
Da solitária imaginação
Tão -pouco desenhar-te como estrela
Neste céu infame
Dizer-te em linguagem de jornal
Ou levar-te á emoção dos outros
Pela voz contrafeita da poesia
Impossível não tentar dizer-te
Com as poucas palavras que nos ficam
Da usura dos dias

Do grotesco discurso que escutamos
Proferimos
Transitos de sonho no ramal do tempo
Onde estamos como ervas
Pedrinhas
Coisas perfeitamente inúteis
Pequenas conversas de ferrugem de musgo
Queixas

Impossível, Alexandre O'Neill

1 maniacs:

maniac Anonymous Anónimo said...

O Alexandre era uma pessoa muito interessante. Da sua pena saíram alguns dos mais brilhantes momentos da literatura portuguesa.
Tens muito bom gosto, Rita! ;)

Bruno

9:08 da tarde  

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