setembro 19, 2006

asas

e eu...
amarrei-me sem dó. amarrei a dor e fechei as mãos. queria sentir pela última vez o seu esvoaçar e depois soltá-la. soltá-la para longe. vê-la ir, sem olhar para trás. com ela seguiriam todos os sonhos antigos, não fossem as recordações que se prendem a mim como finas extensões de pele, que se arrastam e me fazem tropeçar de cada vez que dou um passo em frente.


e tu...
amarraste-me contigo, nesta viagem de serenidade. através de ti, sinto o que me rodeia, de uma forma nítida e calma. calma. vejo-nos seguir o mesmo caminho por estradas diferentes, mas sei que me acompanhas. se escorregar sei que me acompanhas. se voltar a proximar-me do poço e voltar a cegar, sei que me acompanhas e me guias e me amarras a ti mais uma vez. puxas-me para dentro de ti e refugias-me até a dor se libertar das minhas mãos e esvoaçar.


e eu...
deixo-a perder-se de mim. fugir.